O debate sobre o uso da inteligência artificial na educação chegou a um novo patamar. Na última edição da revista Nature, uma das publicações científicas mais respeitadas do mundo, foi publicado um artigo que analisa como as universidades estão lidando com a rápida expansão das ferramentas de IA generativa, e os desafios que surgem quando elas passam a fazer parte do cotidiano acadêmico.
O professor Maurício Garcia traz aqui um resumo dos principais pontos levantados pela reportagem e reflexões sobre o impacto dessa transformação no ensino superior.
Uso crescente
Em 2024, 86% dos estudantes universitários usavam regularmente ferramentas de IA generativa como ChatGPT para tarefas acadêmicas, incluindo redação, explicação de conceitos e análise de dados, com maior adoção nos cursos de ciências, tecnologia, engenharia e matemática.
Preocupações
Educadores temem que o uso excessivo de IA prejudique o aprendizado, levando a uma falsa sensação de compreensão, redução do pensamento crítico e dependência excessiva da tecnologia. Estudos indicam que estudantes que usam IA podem apresentar menor atividade cerebral relacionada ao aprendizado e pior retenção de conteúdo a longo prazo.
Respostas institucionais
Enquanto algumas universidades, como Tsinghua e Ohio State, incorporam a IA em seus currículos e sistemas de ensino, outras enfrentam desafios para estabelecer políticas claras, resultando em confusão entre os estudantes. Países como Austrália adotaram respostas nacionais coordenadas para integrar e regular o uso da IA na educação.
Potencial educativo
Pesquisas indicam que, quando usada adequadamente, a IA pode melhorar o aprendizado ao incentivar o pensamento crítico e a resolução ativa de problemas, como demonstrado em ensaios controlados com tutores de IA em Harvard.
Repensar a educação
Especialistas defendem uma reformulação do ensino universitário, focando menos na memorização e mais no desenvolvimento de habilidades como julgamento, crítica, colaboração e uso responsável da IA. Também há um chamado para que universidades exerçam maior liderança na regulação e parceria com empresas de tecnologia para garantir ferramentas éticas e eficazes.

Reflexões para o futuro da educação
O estudo da Nature reforça uma verdade já percebida nas salas de aula: a IA como uma ferramenta e um divisor de águas no modo de aprender e ensinar. Mas seu impacto depende inteiramente de como a usamos.
Se aplicada de forma crítica, a IA pode ampliar horizontes e democratizar o acesso ao conhecimento. Se usada sem propósito, pode enfraquecer a autonomia intelectual e a curiosidade, as duas bases de qualquer processo educativo.
No Inteli, acreditamos que a educação do futuro será guiada por esse equilíbrio: tecnologia a serviço do pensamento humano. Nosso compromisso é formar profissionais que compreendem a IA como uma aliada poderosa para expandir capacidades, resolver problemas complexos e agir com responsabilidade.